10 insights poderosos sobre o maior evento de tecnologia, inovação e empreendedorismo do mundo
Por Miguel Fernandes – CTO e Co-fundador da Witseed
Alguns colegas do mercado financeiro chamam o Web Summit de “Davos para geeks”. A Forbes diz que é “o evento de tecnologia mais influente do mundo”, a Bloomberg que é a “Melhor conferência de tecnologia do planeta”. “É o Rock In Rio do empreendedorismo”, foi a descrição da minha esposa quando mandei pra ela as fotos do evento.
Descrições épicas à parte sobre o Web Summit 2021, foi a primeira vez em muito tempo que estive no mesmo local com mais do que 20 pessoas ao mesmo tempo. É uma sensação muito boa a de poder voltar a conversar pessoalmente, ver o entusiasmo e a paixão das pessoas por resolver problemas reais. Sensações que, de fato, estamos ainda muito longe de substituir com telas e outros dispositivos virtuais, por mais imersivos e metavérsicos que sejam.
O evento me proporcionou algumas reflexões interessantes que vou compartilhar aqui. Para começar, a clássica lista dos meus top 10 aprendizados:
1- “Fora Facebook” é o novo “fora Globo”.
2- Inteligência Artificial está em tudo.
3- Sustentabilidade dá dinheiro.
4- Troca-troca de buzzwords: sai realidade virtual, entra metaverso.
5- Trabalho remoto não veio pra ficar, quem fica é o híbrido (e o metaverso tem tudo a ver com isso).
6- Ninguém sabe o que fazer com os dados das pessoas, nem as pessoas.
7- Muita gente ainda deve ficar rica com criptomoedas.
8- Problemas globais exigem soluções locais.
9- Novas tecnologias criam novos problemas.
10- É muito bom conversar pessoalmente.
Web Summit 2021 em números
Foi o maior evento presencial do mundo desde o início da pandemia. Em 2021, a 12ª edição do Web Summit aconteceu entre os dias 1 e 4 de novembro, novamente em Lisboa, como nas edições anteriores. Foram mais de 42 mil participantes , mais de 1.500 empresas de tecnologia de 128 países diferentes e, pela primeira vez na história, mais da metade do público era composto por mulheres. Além das 1.333 palestras, tiveram mesas redondas e aulas com profissionais de empresas como Cisco, Google, Accenture e Siemens. Abaixo, o trailer oficial do evento disponibilizado pelo canal do Youtube do Web Summit, olha só:
Evento virou Experiência
A organização do evento é expert em experiência do usuário. O evento é uma experiência para além de um espaço físico e o app oficial serve como um extensão digital do presencial, numa integração incrivelmente bem executada. Você pode se conectar previamente com qualquer pessoa que participa do evento, trocar mensagens, marcar reuniões. Filtrar as startups por país, setor, tamanho. Os participantes também podem se filtrar por país, indústria de atuação, perfil de atuação (investidor, founder, etc).
O app monta o calendário e você pode navegar pelas palestras e adicioná-las na mesma agenda em que marca as reuniões. Eu usei menos do que deveria esses recursos, mas fiquei com inveja de quem conseguiu usar bem. Conversei com algumas pessoas que tinham o dia todo programado de reuniões e palestras. São os profissionais do Web Summit, não duvido que surjam empresas especializadas em como se dar bem no Web Summit.
Encontros previamente marcados não atrapalharam os encontros espontâneos. Esbarrando com alguém interessante no corredor, conversas interessantes surgiam, sinergias de negócio apareciam e novas conexões se formavam. Cada pessoa tinha um crachá com um QR code, e você podia escanear a pessoa para adicioná-la na sua rede de contatos. É uma mistura muito interessante de digital com presencial.
A disposição das atrações também foi muito bem pensada: eram quatro pavilhões e um centro enorme para as palestras principais. Havia em cada pavilhão, palcos e salas de workshops, além da famosa “Avenida das Startups”. Entre cada pavilhão, ficavam os Food Summits, com ótimos food trucks para comer e beber.
As startups se dividiam em stands, com uma placa dizendo o nome da empresa, uma breve descrição, o local de origem e o logo da startup. Os fundadores estavam disponíveis para conversar sobre o negócio, e ao longo dos três dias andei bastante por essas avenidas e conheci startups interessantes de todos os lugares do mundo. Mas já volto a esse assunto.
Tendências: quais são as startups do futuro?
Nesse mundo das startups, a gente usa o termo “Unicórnio” para definir as empresas que chegam num valor de mercado de US $1 bilhão. Inclusive, mais de 70 fundadores de startups que viraram unicórnios estiveram presentes nas palestras e oficinas espalhadas pelo evento. A competição de startups do Web Summit nos dá pistas sobre as principais apostas das grandes empresas e investidores globais em relação a quem serão os próximos unicórnios. As startups de hoje serão os unicórnios de amanhã.
Startups ambientais foram muito populares no Web Summit deste ano. Estiveram no evento mais de 200 Startups de impacto – uma designação para as que fazem das metas para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, parte central de seu modelo de negócios. Esse termo começa a competir com ESG, que engloba critérios ambientais, sociais e de governança. No fundo o tema central é sustentabilidade, ganhando diferentes roupagens e nomes de acordo com as tecnologias do momento.
As Fintechs, empresas relacionadas a finanças, também estavam em peso, assim como as Healthtechs, de saúde. Mas essas aí sempre estão. E é claro, que também poderiam faltar as Edtechs, startups do setor de educação.
Inteligência Artificial
Parecia até uma regra imposta pelos organizadores. Quase todas as startups tinham a expressão “AI powered” em suas descrições, e outro termo muito comum era “Data-Driven”. De redes sociais a plataformas de monitoramento de plantações, ser orientado a dados e ter os poderes da inteligência artificial é pré requisito.
Verdade seja dita, parando para conversar mais profundamente com as “AI powered” startups, a tecnologia não é nada de outro mundo. O termo soa mais poderoso do que de fato é. A “Indústria da inteligência artificial” fez um excelente trabalho de marketing, existem alguns modelos matemáticos, algumas ferramentas pré-prontas, que viraram quase commodity: todo mundo usa, e todo mundo que usa pode se dizer “AI powered”.
Passeando pela avenida das startups, esbarrei com esse simpático robô da Ubtech, empresa líder em inteligência artificial e robôs humanóides, criada em 2012. Ele dava algumas informações básicas e simulava expressões na tela, o mais próximo que já vi pessoalmente do personagem Rosie, dos Jetsons.
Dentre as várias palestras sobre o tema, destaco a palestra “Me, myself and AI”, em que a Daniela Braga (fundadora da Defined.ai, um mercado de algoritmos de inteligência artificial) e o Daniel Dines (fundador da UiPath, que faz software para automação de processos robóticos) debateram com o jornalista Jonosch Delcker (do portal Deutsche Welle) sobre o futuro da inteligência artificial e seu impacto na vida das pessoas.
Daniela falou que o desenvolvimento da IA, infelizmente, ainda é pouco regulado e que o futuro da tecnologia está nas mãos das duas maiores economias do mundo: EUA e China. Para ela, é uma questão de recursos, ambos os países estão investindo pesado nisso. Já é uma corrida.
Dentre as startups, uma que me chamou a atenção mostrou um software que filma o rosto das pessoas em tempo real, avalia suas expressões para extrair o sentimento, e com base no que foi captado, exibe vídeos educacionais pré gravados. O principal uso no momento é para ensinar crianças online. O professor de matemática divide o curso em várias partes e grava para cada uma delas uma versão para um determinado tipo de reação possível do aluno.
Por exemplo: se a criança fizer uma cara de ‘não entendi’, o algoritmo te encaminha pra assistir um vídeo mais introdutório, e se você fizer uma cara de ‘estou entendendo tudo’, o algoritmo te encaminha para um vídeo mais avançado. Se parecer triste, vai para uma versão mais animada, se parecer animada demais, vai para um vídeo num ritmo mais lento. Enfim, dá pra entender o espírito da coisa.
Ainda estão em fase de testes, esse é o tipo de aplicação da inteligência artificial que me assusta um pouco. A IA se torna poderosa não por ser IA, mas sim por permitir tanto controle automatizado sobre seres humanos indefesos.
Trabalho remoto
Um estudo recente da Microsoft disse que o trabalho remoto está dificultando a produtividade e a inovação. Ao sairmos dessa lua-de-mel do trabalho remoto, o que precisamos fazer para que não seja apenas uma fase? Esse foi o tema do debate em que participou o Jeff Maggioncalda, CEO da Coursera, no palco principal. Para ele, o número de trabalhadores remotos aumentou muito na pandemia e tende a continuar aumentando.
Para Mada Seghete, fundadora da Branch, que também participou dessa mesa redonda, o futuro do trabalho será híbrido, porque o encontro pessoal é indispensável para criar entrosamento e conexão real entre as pessoas.
O Web Summit montou um palco totalmente dedicado ao tema do trabalho remoto, que também deu lugar ao aprofundamento do gap de competências entre os profissionais durante a pandemia e se discutiu o aumento do gap entre os mais pobres, que não têm acesso a internet de qualidade. Num mundo em que se defende que o trabalho remoto vire regra, o que será das pessoas sem emprego que não tem condição de pagar por uma boa internet?
Depois de ouvir tanta gente falando, minha conclusão é: embora o trabalho 100% remoto seja sim só uma fase, o trabalho 100% presencial também foi só uma fase. As empresas vão continuar tendo escritórios e reuniões presenciais vão voltar a acontecer. Trabalho remoto é uma escolha. Você pode ter uma qualidade de vida maior, porém ficar mais distante das pessoas que trabalham com você, pode significar desacelerar a carreira.
Metaverso
Chris Cox, Diretor de Produtos do Facebook, foi entrevistado pelo jornalista Nicholas Carlson, da Revista Insider, no palco principal. O título da sessão era “Bem-vindo ao Metaverso”.
O Facebook transformou o Metaverso oficialmente no mais novo buzzword da indústria de tecnologia. O metaverso mistura o conceito de redes sociais, realidade aumentada e realidade virtual numa única palavra. São mundos virtuais compartilhados e acessados por dispositivos eletrônicos ligados na internet.
Mas, afinal, como eu entro no metaverso? Na prática, hoje, para entrar no Metaverso, você coloca um óculos que tampa toda sua visão e no lugar das lentes tem uma tela. Você segura dois controles de videogame conectados na internet, um em cada mão. Na tela, dentro do seu óculos, você vai ver algo como um corredor com várias portas e um nome em cada porta, assim, você escolhe em qual sala quer entrar e… voilá.
Mas o “Movimento Anti-Meta” já começou. Na palestra “O futuro do entretenimento é físico?” quem falou foi Fabien Riggall, fundador do Secret Cinema, empresa que começou transformando construções abandonadas em sets de filmagem e cinemas. Para Fabien, o entretenimento é e sempre será físico. Ele acha que o mundo digital nos desconecta cada vez mais da realidade e fundou a empresa para transformar os espaços abandonados, antes que a Amazon compre e os transforme em armazém.
Ele quer “desviciar” as pessoas das telas e construir mais teatros e espaços para experiências artísticas imersivas. Ele contou que em eventos da Secret Cinema não há divulgação de nenhuma informação prévia, que não seja o local e a data, e também que antes de entrar no evento, todos deixam o telefone em um saco fechado para não consultá-lo durante o curso da experiência. Ainda terminou a palestra pedindo para todos os ouvintes abrirem o Twitter e postar usando a hashtag #metaisbullshit, meta é uma bobagem.
O diretor do Facebook, Chris Cox, responsável pelo produto Metaverso, participou remotamente e colocou uma conversa gravada no metaverso para passar também. Eram dois bonecos de desenho animado conversando.
“As pessoas vão levar a sério conversas imersivas com cartoons?” Foi com essa pergunta que começou a conversa. Cox respondeu que vai começar assim, mas não é assim que vai estar daqui a 10 anos, e comparou a maturidade do metaverso hoje com a maturidade dos celulares de antigamente. Disse também que o metaverso é uma forma muito mais empática e divertida de interagir digitalmente do que as tradicionais videoconferências, e por isso mesmo tem tudo a ver com a missão do Facebook de conectar pessoas.
“Será que as pessoas vão querer usar mais um novo produto do Facebook?” As pessoas estão cada vez mais preocupadas com seus dados pessoais e o Facebook é conhecido como um grande vilão nessa história. Por que elas estariam dispostas a entrar num novo metaverso do Facebook que vai dar ainda mais dados sobre elas para a plataforma?
Nos bastidores, ouvi gente dizendo que o metaverso e a mudança de nome é só uma estratégia do Facebook de desviar os holofotes do que realmente importa: suas práticas abusivas e monopólio da publicidade na Internet. Se foi isso, estão de parabéns, porque está funcionando. Todo mundo só fala de metaverso agora, e aos poucos estamos esquecendo os “probleminhas” do Facebook.
Smart cars… Smart homes… Smart cities… Tudo está ficando Smart.
Geladeiras, relógios, aspiradores de pó. E as instituições, como elas vão se tornar “smart”? Gostei muito das reflexões da Beatrice Leanza, Diretora do Maat, Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia de Lisboa sobre isso. Ela falou do papel do museu como uma de muitas instituições culturais fundamentais para a sociedade e comentou sobre o desafio de trazer para dentro do museu a continuidade do que tem na cidade: arquitetura, música, liberdade de expressão e arte digital.
As exibições não são só mais um conjunto de obras de arte. São experiências, engajamento de escolas, universidades, pesquisadores, marketing, artistas, governos, mídia, outras instituições. O museu é o ambiente narrativo para a cultura da cidade. Num mundo de isolamento e caos, os museus precisam trazer experiências sensoriais, coordenar performances artísticas para manter as pessoas envolvidas com debates importantes para a sociedade. Instituições com diferentes temporalidades precisam coexistir, e o museu inteligente é aquele que consegue se manter devagar em relação a essa velocidade alucinante das cidades inteligentes.
O futuro da educação
Como aplicar o metaverso na educação? O que a inteligência artificial pode fazer para potencializar o aprendizado humano? Qual o futuro da formação profissional? A educação está em plena disrupção e todas as tendências que impactam os outros setores podem ser utilizadas na educação.
Aqui na Witseed já começamos a modelar possíveis caminhos a essas perguntas. Nossas respostas, nossa interpretação sobre tudo isso, já está sendo transformada em novas soluções, novas ferramentas e uma experiência de lifelong learning cada vez melhor para os profissionais que temos a honra de formar. Em breve, teremos novidades e um artigo especificamente sobre esse tema, aguardem!
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