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Comunicação Não Violenta para relações saudáveis no trabalho

Tempo de leitura: 8 minutos

Um estudo realizado pela CareerBuilder aponta que 77% das empresas acreditam e investem em Soft Skills como estratégia fundamental do negócio, a Comunicação Não Violenta aparece entre as 10 mais importantes no ranking.

Por Ágatha Flora

Quantas vezes você já saiu de reuniões sem entender algo ou sem ser ouvido? Por que frequentemente saímos frustrados de conversas? Será que tudo que você fala transmite a intenção e o efeito desejados? Quais são as frases mais violentas em um ambiente de trabalho e o quanto elas podem afetar não só o clima, mas as relações e a produtividade de uma equipe? A comunicação não violenta te convida a investigar tudo isso!  

Uma pesquisa global do PMI revelou que 75% dos problemas de uma empresa começam na comunicação e  que o principal motivo de desengajamento dos funcionários é por não se sentirem ouvidos. Não por acaso, o primeiro passo para uma comunicação não violenta  é desenvolver a escuta e a auto-escuta. Existem diversas formas de desenvolver uma boa comunicação e é preciso enxergar a importância dessa prática: é como um novo idioma, que você precisa aprender e praticar todos os dias para construir uma fluência. 

A Consultora Sênior em Comunicação Empresarial e Especialista em Comunicação Não Violenta, Juliana Royo, trouxe dicas práticas incríveis para o nosso curso on-line de CNV e neste artigo, vamos trazer algumas delas junto com outras informações muito relevantes sobre o tema!

Identificando a  violência em sua comunicação

Se procurar a definição de violência no dicionário, vai achar: ação ou efeito de empregar força física ou intimidação moral contra. Violência é tudo aquilo que quer se impor, calar, intimidar, diminuir e excluir, seja no outro ou em você.  A violência sempre tem origem em uma necessidade não atendida e a comunicação é um sinal dessa necessidade, seja verbal ou corporal. 

Mas como podemos “desligar” os modos de ataque e defesa com os quais estamos tão acostumados? Como lidar com tantas personalidades diferentes, todos os dias dentro e fora do ambiente de trabalho? Como ter consciência das palavras que eu escolho? A CNV não é um guia específico de como falar e nem uma técnica de como convencer e persuadir as pessoas, é sobre desenvolver a escuta e ter uma boa fala como consequência, é sobre ser ao mesmo tempo humano, autêntico e empático. 

Do ambiente social ao profissional

Os últimos artigos do nosso blog já estão preparando muitas empresas e times para um modelo híbrido de sucesso, com tendências que estão sendo aplicadas em muitos outros países. Nas pesquisas, pudemos observar que a escuta, a confiança e o bem-estar, que fazem parte do nosso dia a dia enquanto indivíduos sociais, quando aplicadas ao ambiente de trabalho têm  resultados incríveis.

Na prática, a CNV pode ser vista como uma estratégia de comunicação empresarial, ajudando a mediar conflitos, abrindo espaço para o diálogo e melhorando o clima organizacional. Ou seja, a Comunicação Não Violenta pode trazer resultados como o aumento da produtividade, do engajamento, da confiança, além de criar um ambiente de trabalho mais humano e inclusivo. Quando toda equipe é capaz de se manifestar, as tomadas de decisões também se tornam mais assertivas.

Você sabia que o criador da metodologia de Comunicação Não Violenta, Marshall Rosenberg, participou da formulação de acordos de paz em mais de 60 países e também de treinamentos para mediadores de conflitos?

Como a Comunicação Não Violenta surgiu

A CNV surgiu entre as décadas de 60 e 70, nos Estados Unidos, e foi desenvolvida e estruturada pelo psicólogo Marshall Rosenberg. Na infância, Marshall passou por episódios de bullying, um dos motivos que despertou seu olhar sensível para as relações humanas.

Quando adulto, realizou projetos de integração racial em escolas e organizações e também começou a observar a causa de conflitos humanos nas mais diversas atmosferas do mundo. A partir de sua pesquisa e experiência, em 1972,  formulou a primeira versão do guia da Comunicação Não Violenta, utilizando como parte de seus treinamentos, contendo orientações sobre sentimentos, necessidades e comportamentos para facilitar diálogos dentro das instituições. 

Em 1999, Marshall Rosenberg lançou o livro Comunicação Não-Violenta: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais, que se tornou um best-seller mundial, com explicações práticas e didáticas para o aprimoramento da comunicação.

O criador da metodologia, Marshall Rosenberg, define a CNV como uma abordagem da comunicação, que compreende as habilidades de falar e ouvir, possibilitando a conexão consigo mesmo e com os outros, permitindo assim que a compaixão se desenvolva. 

Quanto à expressão Não-Violenta, o psicólogo faz uso da definição de Gandhi, se referindo a uma condição compassiva natural que aparece quando a violência é afastada do coração. Por meio da escuta ativa e profunda, o método transforma as interações em algo respeitoso, empático e assertivo. 

É uma relação ganha-ganha, ninguém sai perdendo!

Para Juliana Royo, líder do nosso curso de Comunicação Não Violenta, a partir do momento que reconhecemos humanidade no outro e em nós mesmos, a prática torna-se um resgate importante da comunicação. Além disso, a líder afirma que é importante entender que o óbvio é individual, não existindo o mesmo entendimento do óbvio para o coletivo. 

 A habilidade da escuta é o que constrói uma conexão nas relações interpessoais, e requer tempo para se desenvolver. Quem nunca entrou em discussões com argumentos prontos, estruturados e quase roteirizados com o único objetivo de “ganhar” a disputa? Muitas vezes essa atitude é o que torna a briga ainda maior. CNV é uma relação ganha-ganha, ninguém sai perdendo.

Fonte: Pinterest

É claro que a sua prática envolve desafios diários, especialmente por tratar de sentimentos profundos e por isso é de extrema importância não se sentir culpado ao tentar praticar a CNV pelas primeiras vezes sem sucesso. É a constância do exercício de autoconhecimento e diálogo que irá permitir a naturalidade da prática.

Por que a Comunicação Não Violenta é tão importante em 2021?

Uma pesquisa da Mercer afirma que 84% das empresas entrevistadas mencionaram o aumento de comunicação e transparência como um dos principais suportes ao cenário da Covid-19. Diante disso, é possível perceber que a capacidade de diálogo mostra-se como uma habilidade chave para a resolução de desafios complexos causados, principalmente, pelos efeitos da pandemia.

Mas há, no entanto, um impasse: mesmo reconhecendo que a comunicação é uma habilidade chave para bons resultados dentro da empresa, ainda se percebe uma dificuldade para colocar em prática. O relatório Global Employee Experience de 2020, mostra que apenas 36% dos entrevistados reportaram uma postura mais empática por parte da liderança. Além disso, os entrevistados ainda puderam evidenciar oportunidades de melhoria na capacitação dos seus líderes, com o objetivo de obter uma gestão baseada em autenticidade, comunicação e confiança. 

As 4 lentes da CNV

Em nosso curso,  Juliana Royo apresenta as quatro lentes da Comunicação Não Violenta e como elas  ajudam no desenvolvimento de relacionamentos interpessoais. O intuito destas técnicas é auxiliar o modo de entendimento das relações, promovendo a parceria e cooperação entre as pessoas. 

  • Observação em vez de julgamento

A CNV enfatiza a separação dos fatos de julgamentos e para que isso seja possível, é preciso se colocar como um observador imparcial. Dessa forma, evitamos o desencadeamento de um diálogo ofensivo, abrindo para trocas que levam ao entendimento pacífico.  Um bom exercício para praticar essa distinção é, em uma folha de papel, separar o que é fato de julgamento

Veja o exemplo: Alguém se atrasou para uma reunião. 

Na parte de fato, você deve escrever o que realmente aconteceu. Na parte de julgamento, você está livre para desabafar e colocar as suas percepções pessoais diante da situação e da pessoa.

Ao final do exercício, compare o que está escrito em cada tópico e diferencie o seu real sentimento. Dessa forma, você conseguirá abrir espaço para questionar a sua atitude e entender porque ter certos julgamentos e pensamentos sobre uma pessoa.   

  • Sentimentos em vez de avaliações

Entender o que sentimos em determinadas situações é um dos pontos que a CNV considera, e isso requer uma mudança na perspectiva de como as palavras e ações dos outros afetam nossos sentimentos. 

O que os outros dizem e fazem é considerado estímulo ao invés de ser a causa dos sentimentos. Por isso, a partir do autoconhecimento, podemos analisar e escolher como responder a esses estímulos e às nossas necessidades e expectativas.

Veja um exemplo:  Alguém diz que você é egoísta

O QUE NÃO FAZER

Levar para o lado pessoal:

“Eu realmente sou egoísta …”

Dar o contra-ataque:

“Eu não sou egoísta; você é egoísta!”

O QUE FAZER

Considerar os sentimentos e necessidades da outra pessoa: pergunte algo como: “Você está se sentindo magoado porque precisa de mais atenção e consideração por suas ideias?”.

Considerar seus próprios sentimentos e necessidades: diga algo como: “Quando ouço você dizer que sou egoísta, fico magoado porque preciso reconhecer o esforço que faço para considerar suas preferências”

Essa resposta abre espaço na conversa para que a outra pessoa expresse suas necessidades. Assim, temos o poder de escutar o outro e, a partir disso, fazer escolhas diferentes ao interagir com as pessoas.

  • Necessidades em vez de estratégias

As necessidades são comuns e fundamentais a todos os seres humanos. Entretanto, não é sempre que conseguimos entender a linha tênue entre o que é necessário para mim e o que é necessário para o outro. 

Um dos meios para encontrar essa resposta é fazer o exercício de questionamento. Aqui, podemos encontrar o motivo pelo qual estamos nos sentindo incomodados diante de uma situação. 

A principal pergunta a ser respondida é “Quais são as minhas necessidades que não foram atendidas?” e , dessa forma aprendemos a olhar para dentro, em busca de exemplificar essas necessidades. Ao encontrar o resultado dessa busca, conseguimos identificar e descrever as nossas necessidades em situações futuras. 

  • Pedidos em vez de ordens

A princípio, fazer um pedido parece simples, porém, muitas vezes essa é uma tarefa complicada pois não sabemos o que queremos ou até mesmo temos receio de receber um “não” como resposta. A Comunicação Não Violenta é um convite para termos conversas corajosas.

É importante identificar o que de fato queremos, ao invés do que não queremos, e a maneira mais eficaz de separar um pedido de uma demanda é observar seus próprios sentimentos e necessidades. 

Assim, conseguimos ser conscientes do que estamos pedindo e por que estamos pedindo, obtendo mais clareza na nossa comunicação.

Como o Google relacionou Comunicação com Alta Performance

Com o objetivo de construir o time dos sonhos, a Google percebeu que a comunicação pode gerar uma alta performance. A empresa realizou o Projeto Aristóteles, estudo que envolveu mais de 200 entrevistas com membros de 180 times internos e mais de 35 modelos estatísticos rodados para compreender os fatores que fazem uma equipe ter sucesso.

Como resultado, a Google entendeu que as melhores equipes são as que respeitam as emoções do outro e estão conscientes de que todos os membros devem contribuir com a conversa. Não é sobre quem está em uma equipe, e sim como a equipe interage entre si.

A empresa também definiu 5 principais dinâmicas que definem o sucesso de uma boa equipe:

  • Segurança psicológica
  • Confiabilidade
  • Estrutura e clareza
  • Significado do trabalho
  • Impacto do trabalho
  •  

Ao analisar que a segurança psicológica obteve uma posição de destaque, os pesquisadores da Google identificaram que o conceito permite que os membros possam dialogar sem medo de julgamentos diante do grupo.

Mais benefícios de implementar a cultura da CNV 

Alguns dos fatores de estresse mais significativos nos ambientes de trabalho vêm da falta de comunicação com colegas de trabalho e clientes. Uma pesquisa do Instituto Avon e o Papo de Homem, mostra que 64% dos entrevistados afirmam que o principal obstáculo para ter conversas com pessoas que pensam de modo diferente é a agressividade que essas conversas costumam ter

Há muitos benefícios de implementar a cultura da Comunicação Não Violenta nas empresas, como:

  • Resolução eficiente e rápida de conflitos
  • Aumento do potencial dos colaboradores
  • Redução do estresse 
  • Melhorias na performance e qualidade do trabalho das equipes
  • Aumento do comprometimento dos colaboradores 

De acordo com o instituto norte-americano Gallup, empresas com índices de comprometimento mais altos chegam a ser 22% mais lucrativas e a ter 37% menos absenteísmo que as demais.

 A comunicação não violenta vem se mostrando uma excelente metodologia para melhorar as relações dentro das empresas. Apesar do desafio da transformação ser  grande, exemplos como a Google, mostram que algumas instituições já se mostram atentas para a mudança de postura, investindo em uma cultura de empatia e inclusão

Um estudo publicado em 2020 na Everyone Social revela que um terço dos colaboradores dos EUA acreditam que a falta de uma comunicação mais aberta e honesta dentro da empresa afeta sua motivação. Ao mesmo tempo, a pesquisa mostra que a simples melhora na conexão entre os funcionários pode aumentar a produtividade em até 25%. 

A pesquisa Most In-demand Hard and Soft Skills, publicada pelo LinkedIn, revela que a colaboração e inteligência emocional estão entre as habilidades comportamentais mais buscadas no mercado de trabalho.

Quer se inspirar nessas grandes empresas aumentaram os resultados com uma boa comunicação?

O que você vai aprender no nosso curso com  a líder Juliana Royo 

  • Essência da CNV
  • Entendendo a base da CNV
  • Princípios e pilares
  • Checar é uma varinha mágica
  • O que não é CNV
  • Escuta como chave para a CNV
  • As 4 lentes da CNV
  • CNV no ambiente corporativo

Quer revolucionar a sua comunicação e regenerar as relações o mais rápido possível? Assista ao spoiler do nosso curso e acesse nosso site para saber mais!

Ouça nosso podcast sobre a Comunicação Não Violenta para relações saudáveis

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